Alice Cooper Defende o Hard Rock: "É o Estilo Que Nunca Perdeu sua Essência"

Em entrevista, o lendário músico fala sobre a longevidade do hard rock e a evolução de sua carreira.

Alice Cooper - Poison
  • Alice Cooper afirma que o hard rock continua relevante e nunca perdeu sua essência em 50 anos.
  • Ele destaca a influência de bandas clássicas como Led Zeppelin, Guns N’ Roses e Aerosmith no gênero.
  • A turnê “Freaks On Parade” 2024, com Rob Zombie, passou por várias cidades dos EUA, trazendo elementos teatrais icônicos dos shows de Cooper.
Resumo Rápido

Em entrevista ao “Metal XS”, da Riff X, o lendário Alice Cooper discutiu sobre a evolução de seu som ao longo de mais de cinco décadas. Para ele, o hard rock dos anos 70 permanece relevante porque seu formato ainda funciona. Cooper disse que, apesar das mudanças na indústria musical, ele não consegue se afastar do clássico rock daquela época.

“Eu não consigo escapar do rock clássico dos anos 70, porque ele ainda funciona. É uma configuração musical que todos nós, de certa forma, baseamos em Beatles, Rolling Stones, Yardbirds. E aí você segue seu próprio caminho. Quase todas as boas bandas de hard rock voltam até Chuck Berry, porque ele foi a base daquele ritmo 4/4 com o contratempo. E então você encontra seu jeito de tornar isso seu. Assim como o Guns N’ Roses fez o seu Guns N’ Roses e o Aerosmith encontrou sua própria identidade.”

ALICE COOPER no ‘Behind The Tracks’. - Foto: Youtube / Reprodução.
ALICE COOPER no ‘Behind The Tracks’. - Foto: Youtube / Reprodução.

De acordo com Alice, essa mistura de influências é o que permite que bandas de hard rock criem algo único, expressando sua personalidade dentro de um estilo que, de certa forma, já é tradicional. Não importa quantas décadas passem, o gênero segue forte. Para ele, não se trata apenas de nostalgia, mas de uma fórmula que continua a conquistar novas gerações.

“Se você tocar Led Zeppelin para um garoto de 16 anos, ele vai entender. Há algo nesse tipo de música que simplesmente não morre.”

O hard rock no centro das atenções

Cooper destaca que o hard rock é uma das poucas vertentes musicais que, em mais de 50 anos, nunca perdeu sua relevância ou “edge”. Enquanto outros gêneros musicais — como grunge, punk, hip-hop e até o disco — tiveram seus altos e baixos, o hard rock sempre esteve no centro.

“O hard rock é o único estilo que sobreviveu por 50 anos sem perder sua força. Todos os outros estilos tiveram seus momentos, mas o hard rock sempre esteve lá e sempre estará.”

Para Alice, o segredo da longevidade do gênero está no fato de que ele nunca precisou se reinventar totalmente para continuar relevante. O que funciona no hard rock é justamente o que funcionava há 50 anos: a energia bruta e a autenticidade.

Showman de carteirinha

Alice Cooper, famoso por suas apresentações teatrais e cheias de elementos visuais, continua a impressionar plateias ao redor do mundo com shows que misturam horror e rock. Desde os anos 70, seu palco é uma verdadeira produção, com cadeiras elétricas, guilhotinas, sangue falso e até cobras. Mas será que, em 2024, ainda é possível chocar o público da mesma maneira?

Em uma entrevista recente à rádio 96.1 KLPX, Alice refletiu sobre como o conceito de “choque” mudou ao longo dos anos.

“Nos anos 70, era fácil chocar uma plateia. Hoje, ninguém realmente tenta. Não estamos tentando chocar o público. Eu acho que ninguém mais faz ‘shock rock’, mas os elementos ainda estão no show porque são divertidos de assistir. É divertido ver a guilhotina e as pessoas realmente se preocuparem com o personagem Alice no palco.”

Alice explica que, embora o foco principal de seu show não seja mais o choque, ele ainda mantém esses elementos como parte de sua identidade artística. O público se envolve com a narrativa do show, seguindo a jornada do personagem que ele incorpora no palco. E, claro, todos conhecem as músicas que embalam essa performance icônica: “Feed My Frankenstein”, “Poison”, “No More Mr. Nice Guy”, e a clássica “School’s Out”.

A turnê Freaks On Parade

Em agosto de 2024, Alice Cooper e Rob Zombie iniciaram mais uma leg da turnê “Freaks On Parade”. Acompanhados pelas bandas Ministry e Filter, o tour passou por diversas cidades da América do Norte, começando em Albuquerque, Novo México, e finalizando em Fort Worth, Texas.

Essa turnê marca a continuidade de uma longa carreira de Cooper, que nunca parou de se apresentar ao vivo. O show ainda inclui todos os elementos visuais que o tornaram famoso, mas sem lasers ou efeitos digitais exagerados. Para ele, o foco está sempre no personagem Alice e em como ele interage com o público.

“Eu quero que o foco esteja no personagem Alice, no que acontece com ele e no que ele está fazendo. Não precisamos de muitos lasers ou efeitos especiais. Tudo acontece durante as músicas que todo mundo conhece.”

Veja as datas dos próximos show dessa turnê:

  • 7 de setembro – Holmdel, NJ (PNC Bank Arts Center)
  • 8 de setembro – Camden, NJ (Freedom Mortgage Pavilion)
  • 10 de setembro – Bristow, VA (Jiffy Lube Live)
  • 11 de setembro – Charlotte, NC (PNC Music Pavilion)
  • 12 de setembro – Alpharetta, GA (Ameris Bank Amphitheatre)
  • 14 de setembro – Austin, TX (Germania Insurance Amphitheater)
  • 15 de setembro – The Woodlands, TX (The Cynthia Woods Mitchell Pavilion)
  • 17 de setembro – Rogers, AR (Walmart Amp)
  • 18 de setembro – Fort Worth, TX (Dickies Arena)

“Road”: O mais novo álbum de Alice

Em meio à sua intensa agenda de turnês, Alice Cooper ainda encontra tempo para lançar novas músicas. Seu álbum mais recente, “Road” (ouça abaixo), é um disco conceitual que gira em torno das experiências vividas durante as turnês.

Lançado com grande sucesso, o álbum explora as emoções e desafios de estar constantemente na estrada.

A banda que acompanha Alice em suas apresentações ao vivo continua a ser composta por músicos talentosos que estão com ele há anos, como Ryan Roxie (guitarra), Chuck Garric (baixo), Tommy Henriksen (guitarra), Glen Sobel (bateria) e Nita Strauss (guitarra).

A relevância contínua de Alice Cooper

Apesar de décadas na estrada, Alice Cooper continua no topo do rock, algo que poucos conseguem manter por tanto tempo. Ele é chamado de “arquiteto do shock rock”, um rótulo que mostra tanto seu impacto na música quanto sua habilidade em transformar o palco em uma verdadeira zona de caos controlado. Mas convenhamos, a fórmula é bem conhecida. Sangue falso, guilhotinas, serpentes… já vimos tudo isso antes, não é? Mesmo assim, de algum jeito, o público ainda volta para mais.

O legado de Alice é indiscutível: álbuns multiplatinados, turnês sempre lotadas e uma prateleira cheia de prêmios. Mas aí, ele está realmente “reinventando” o rock ou simplesmente dando ao público o que eles esperam? Não que isso seja ruim. Os fãs antigos e novos continuam enchendo os shows, querendo mais das suas apresentações teatrais e absurdamente dramáticas. Tem um quê de nostalgia, mas com um tempero que só ele sabe dar.

Comparar seus shows a um “grande filme de terror” é quase apropriado, mas vamos combinar, em tempos de choques reais transmitidos ao vivo pela internet, Alice Cooper já não choca tanto assim. O que ele faz, no entanto, é manter o público imerso em seu universo. Um lugar onde perigo e diversão se misturam, criando aquele clima de que algo insano pode acontecer a qualquer momento. Ainda que, no fundo, todos saibam que tudo está milimetricamente planejado.

Se tem algo que Alice Cooper provou em sua carreira é que a autenticidade fala mais alto do que qualquer novidade passageira. O hard rock, é claro, continua relevante, em parte, graças à sua habilidade de permanecer genuíno, enquanto tantos outros estilos desapareceram ou viraram moda de momento. A minha pergunta é: até quando essa fórmula vai funcionar? Por enquanto, ele segue firme, e o hard rock, ao que parece, também. E se depender dele, o “fim” ainda está bem distante.

Valeu \m/

Assista: Serj Tankian lança clipe de "Cartoon Buyer"; Vídeo

Vocalista do System of a Down revela nova faixa do EP "Foundations".

Vale a pena conferir