Jim Root explica processo criativo do Slipknot: "Muita confiança e mente aberta"

Guitarrista discute como as ideias da banda se transformam ao longo do tempo.

Imagem: Azu Rodriguez / Reprodução / Divulgação.
Imagem: Azu Rodriguez / Reprodução / Divulgação.
  • Jim Root revela que o processo de composição do Slipknot envolve confiança, paciência e uma mente aberta.
  • As músicas da banda evoluem com a contribuição de todos os membros, transformando ideias iniciais em arranjos complexos.
  • Sid Wilson e Mick Thomson muitas vezes trazem elementos inesperados que redefinem o som final das músicas.
Resumo Rápido

Em uma nova entrevista com Matt Sweeney, apresentador do Guitar Moves, o guitarrista do Slipknot, Jim Root, compartilhou alguns detalhes sobre o processo colaborativo de composição da banda. Para ele, a criação das músicas envolve um bom equilíbrio entre criatividade individual e trabalho em equipe, e o respeito mútuo é essencial.

Root começou explicando como a tecnologia atual facilita a produção independente, mas também trouxe desafios.

“Hoje em dia, você pode produzir tudo em casa. Do vocal à bateria acústica, muita gente faz isso por conta própria. O problema é que eu não sou um letrista. Não sei escrever vocais, e isso fecha uma parte do processo para mim. Quando componho, preciso imaginar o que o Corey [Taylor, vocalista do Slipknot] ou quem quer que esteja trabalhando comigo faria vocalmente. Às vezes penso: ‘Esse é o momento épico para ele brilhar,’ e aí ele faz algo completamente diferente.”

A troca de ideias entre Root e Corey é constante. Eles têm visões diferentes sobre como a música deve se desenvolver, o que acaba dando um toque único ao som da banda.

“A gente pode estar tocando a mesma coisa, mas ouvindo de maneiras completamente diferentes. Isso é a mágica dos instrumentos. Se eu dou algo para o Corey que na minha cabeça é um pré-refrão, ele pode ouvir aquilo como parte de um verso. Isso muda completamente a estrutura da música e faz com que o resultado final seja algo que nenhum de nós poderia ter feito sozinho.”

Um processo de desconstrução criativa

Jim explicou que, ao colocar suas ideias no “universo Slipknot”, ele precisa estar preparado para ver suas composições transformadas.

“Qualquer coisa que escrevo, ao entrar no mundo do Slipknot, pode voltar soando completamente diferente do que eu imaginei. E você tem que aceitar isso. A música vai evoluindo tanto que, depois de um tempo, você ouve algo totalmente novo. Começamos com uma cor, e depois de misturar várias outras, o resultado é outra coisa.”

Essa transformação pode ser surpreendente, e muitas vezes o guitarrista se vê ajustando suas expectativas ao longo do processo. Quando questionado sobre o momento em que a banda alcançou esse nível de colaboração, Jim foi direto.

“Isso não acontece da noite para o dia. Cada um chega nesse ponto no seu próprio tempo. Não tem como ensinar isso. Você pode ser o músico mais técnico do mundo, conhecer toda a teoria musical, mas isso não garante que você vai criar algo que faça as pessoas se conectarem emocionalmente. Isso é algo que surge naturalmente.”

Confiança no processo

Para Root, um dos fatores mais importantes no Slipknot é a confiança entre os membros da banda. Ele mencionou como o DJ Sid Wilson e o guitarrista Mick Thomson frequentemente trazem ideias inesperadas que acabam transformando completamente uma música.

“Às vezes, Sid faz algo que muda completamente o rumo de uma música. Ou Mick usa um efeito específico na guitarra que leva a música para outro nível. Isso aconteceu em vários álbuns nossos. O que parecia uma coisa acaba virando outra, e é nisso que está a beleza do processo colaborativo.”

O guitarrista também ressaltou como é importante deixar o ego de lado durante esse processo.

“Você pode achar que sabe o que é melhor para a música, mas isso nem sempre é verdade. Alguém pode trazer uma ideia que, do nada, faz tudo se encaixar. É por isso que confiança e paciência são fundamentais.”

Recusando o convite para o Slipknot

Curiosamente, a primeira vez que Jim Root foi convidado para entrar no Slipknot, ele recusou. Na época, ele já estava em outra banda, a Deadfront, e não se sentia pronto para o desafio.

Em uma entrevista anterior, Root contou que foi abordado por Anders Colsefni, vocalista original do Slipknot, para substituir o guitarrista Donnie Steele em 1996.

“Eu recusei porque não estava tocando guitarra na época. Sabia que eles eram bons músicos e eu estava fora de forma. Então, preferi continuar com a minha vida normal.”

No entanto, em 1999, Root acabou se juntando ao Slipknot após a saída de Josh Brainard durante a gravação do álbum de estreia da banda. Na época, o Slipknot já estava gravando seu primeiro álbum homônimo na Califórnia.

Mudanças na formação

Desde que Jim Root entrou na banda, o Slipknot passou por várias mudanças de formação. A mais significativa foi a perda do baixista fundador Paul Gray, que morreu de overdose em 2010. Além disso, o baterista Joey Jordison, um dos membros fundadores, foi demitido em 2013.

Esses momentos foram duros para a banda, mas também acabaram moldando o som e a dinâmica do Slipknot.

“Essas mudanças são difíceis, mas também fazem parte do crescimento. O som da banda evolui com cada novo integrante, e isso é algo que precisa ser aceito para que possamos continuar criando algo que ressoe com as pessoas.”

Evolução contínua do Slipknot

Com o lançamento de “The End, So Far” (ouça abaixo), o Slipknot mostrou que ainda está disposto a experimentar e explorar novas direções musicais, mesmo após mais de duas décadas na estrada. Root acredita que essa disposição para evoluir vem da abertura de todos os membros da banda para diferentes ideias e influências.

“Se você não estiver disposto a mudar, a música estagna. E ninguém quer isso. É por isso que confiamos uns nos outros para trazer algo novo para a mesa.”

Essa atitude colaborativa foi o que permitiu ao Slipknot lançar sete álbuns e construir uma carreira de sucesso global, que inclui um Grammy e turnês ao redor do mundo, além da criação de seu próprio festival, o Knotfest.

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