Performance do GOJIRA na Abertura dos Jogos Olímpicos Agora Disponível em Plataformas de STREAMING

Banda francesa mistura metal e ópera em performance ousada.

Banda Gojira na Cerimônia de Abertura das Olimpíadas de Paris de 2024. - Foto: Reprodução / Divulgação / Youtube.
Banda Gojira na Cerimônia de Abertura das Olimpíadas de Paris de 2024. - Foto: Reprodução / Divulgação / Youtube.

GOJIRA trouxe uma explosão de intensidade à cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos no mês passado. A banda francesa, aclamada no cenário global do metal, surpreendeu a todos com uma performance única. Eles interpretaram “Ah! Ça Ira”, uma canção icônica da Revolução Francesa.

O espetáculo foi enriquecido pela presença da renomada cantora de ópera Marina Viotti e de figuras que representavam personagens históricos, como Maria Antonieta. A rainha foi decapitada durante a revolução.

A apresentação ocorreu em um cenário emblemático. Foi realizada na parte externa da Conciergerie, uma antiga prisão e residência real francesa. O local possui grande relevância histórica, pois foi onde Maria Antonieta ficou presa antes de ser executada em 1793.

A escolha desse espaço não foi por acaso. A ideia era simbolizar a transição de poder e a ruptura com o antigo regime.

Apresentação do Gojira na Cerimônia de Abertura das Olimpíadas de Paris de 2024.

Reações e Polêmica nas Redes

A reação à apresentação foi imediata. Enquanto alguns elogiaram a ousadia e a criatividade da banda, outros se sentiram desconfortáveis. Especialmente nas redes sociais, a performance gerou debates acalorados.

Grupos conservadores, particularmente cristãos, criticaram duramente o espetáculo. Eles o classificaram como “satanista”. As críticas foram intensificadas por influenciadores de grande alcance, como Andrew Tate.

Tate, conhecido por suas opiniões polêmicas, compartilhou um vídeo da performance. No post, ele escreveu:

“Satanistas controlam o Ocidente e mostram claramente que adoram o diabo. Não é uma teoria da conspiração. Eles literalmente mostram isso. Vocês estão cegos?”

A declaração de Tate incendiou o debate. Milhares de seguidores comentaram, e a discussão sobre os limites da expressão artística em eventos de grande visibilidade se espalhou rapidamente. A polêmica tornou-se uma tempestade digital, com opiniões divididas.

A Resposta do GOJIRA

Joseph Duplantier, vocalista da banda, respondeu às críticas em entrevista à Rolling Stone (em inglês). Ele afirmou que a interpretação dada à performance por parte do público era equivocada.

Segundo Duplantier, a intenção da banda era celebrar a história e a cultura francesas, sem qualquer conotação religiosa ou satanista.

“Não tem nada a ver com satanismo. É história francesa. É o charme francês, você sabe, pessoas decapitadas, vinho tinto e sangue por todo lugar – é romântico, é normal. Não há nada de satânico nisso. [Risos]”

Ele também destacou a importância do princípio da laicidade na França. A laicidade representa a separação entre o Estado e a religião, algo profundamente enraizado na fundação da república francesa.

De acordo com Duplantier, a performance foi uma expressão artística baseada em fatos históricos. Qualquer interpretação religiosa, portanto, seria infundada e desnecessária.

Representação do Metal nos Jogos Olímpicos

A escolha de GOJIRA para representar o metal na abertura dos Jogos Olímpicos pegou muitos de surpresa. Duplantier reconheceu que a banda jamais esperava ser chamada para um evento dessa magnitude. Pois há nomes mais conhecidos que poderiam ter sido escolhidos.

Bandas como METALLICA ou AC/DC, por exemplo, são muito mais populares e consagradas no gênero.

“Tento não pensar muito sobre isso porque continua a me surpreender. [Risos] O Comitê Olímpico poderia ter convidado literalmente qualquer banda. Estamos falando de nomes como METALLICA ou AC/DC, que são potências em nosso gênero, que todos reverenciamos e que são nossos heróis. Nunca nos consideramos a maior banda do mundo para sermos dignos de tocar nas Olimpíadas ou algo assim. É muito estranho.”

Mesmo assim, a banda aceitou o desafio. Para eles, foi uma oportunidade de mostrar algo original, algo diferente. A fusão de metal e ópera, inédita em um palco tão grandioso, foi uma maneira de demonstrar a capacidade da França de inovar.

Para Duplantier, a performance foi uma afirmação da cultura francesa e do compromisso do país com a vanguarda.

A Escolha de “Ah! Ça Ira”

A escolha da canção “Ah! Ça Ira” foi um aspecto interessante. Duplantier revelou que a decisão foi tomada por uma equipe de jovens compositores e designers, e não pela banda.

GOJIRA foi convidada a participar sem conhecer todos os detalhes do evento. Eles se concentraram em sua parte específica da apresentação, deixando os detalhes para os organizadores.

“Não fomos nós que escolhemos a música. Foi a equipe de jovens compositores e designers que decidiu todo o tema. Estávamos no escuro quanto ao resto da cerimônia; só estávamos concentrados na imagem e naquele momento da Maria Antonieta. Não sabíamos como ia parecer ou como se encaixaria com toda a performance. Não sabíamos que Lady Gaga ou Celine Dion estariam lá. Estávamos sob a confiança do Comitê Olímpico e não podíamos contar para ninguém que íamos fazer isso. Só íamos e voltávamos com o compositor da cerimônia, Victor le Masne. Ele nos deu um tempo e uma diretriz. E então fizemos nossa parte.”

A banda seguiu as diretrizes recebidas e executou sua parte com precisão. Foi uma experiência única para os integrantes, que não tinham ideia do impacto que a apresentação teria.

A colaboração com Victor le Masne foi crucial para o resultado final. Eles apenas seguiram as instruções e deram o seu melhor.

Impacto Cultural e Futuro da Banda

GOJIRA, considerada a banda de metal mais importante da França desde 2016 pela Metal Hammer, continua a expandir sua influência globalmente.

A performance nos Jogos Olímpicos é mais um marco na carreira da banda. Já indicada ao Grammy Award três vezes, GOJIRA viu seu último álbum, “Fortitude”, alcançar o topo de diversas paradas ao redor do mundo.

Além da música, a banda também se envolve em causas sociais e ambientais. Recentemente, eles lideraram uma iniciativa para arrecadar fundos em apoio à APIB (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil).

A organização defende os direitos ambientais e culturais das tribos indígenas na Amazônia. Com o apoio de artistas como METALLICA, TOOL e SLIPKNOT, a campanha arrecadou uma quantia significativa.

O valor foi integralmente doado à APIB, que trabalha incansavelmente para proteger os povos indígenas das ameaças que enfrentam, incluindo desmatamento, perda de terras, trabalho forçado, violência e assédio.

“Fortitude”, o mais recente álbum da banda, foi gravado e produzido por Joseph Duplantier no Silver Cord Studio – sede da banda em Queens, Nova York – e mixado por Andy Wallace, conhecido por seu trabalho com Nirvana e Rage Against the Machine.

Com letras que incitam a humanidade a imaginar um novo mundo e a trabalhar para realizá-lo, o álbum tem sido amplamente elogiado pela crítica. A Rolling Stone o destacou como um dos melhores lançamentos de abril de 2021.

A revista comentou que o álbum é “toda a fúria do death metal misturada com a consciência do punk rock e a musicalidade do rock progressivo.”


A participação de GOJIRA na abertura dos Jogos Olímpicos reforça a presença do metal no cenário musical global.

Mostra que o gênero pode transcender fronteiras culturais e artísticas. A banda, conhecida por sua habilidade de mesclar agressividade sonora com mensagens profundas e reflexivas, continua a desafiar as expectativas.

GOJIRA está abrindo novos caminhos para o metal e a música em geral.

A performance agora disponível nas principais plataformas de streaming oferece ao público a oportunidade de revisitar esse momento histórico.